
Quanto é que se ganha em marketing digital, cobrar por hora e focus groups – 145s01
Neste episódio falamos de quanto é que se ganha em marketing digital, se com a IA devemos cobrar por hora e a vantagem desleal dos focus groups.
Episódio de: 20 de Setembro, 2023
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Miguel
FOCUS GROUPS – A vantagem desleal dos marketeers sobre os consumidores?
No outro dia terminei de ver uma série no netflix que me deixou chocado.
Era sobre a história da epidemia de comprimidos nos estados unidos, o seu efeito devastador em diferentes segmentos da sociedade.
Essa epidemia começou com o medicamento OxiContin.
Começando a história do principio, uma farmaceutica que tinha um produto com base em morphina AKA heroina precisava de aumentar vendas.
Então decidiram começar a vender morphina não apenas aos doentes em fase terminal, mas aqueles que também estavam num nível de dor medio.
Não vou contar aqui a história toda, mas isso acabou por fazer com que literalmente centenas de milhares de pessoas ficassem viciadas em heroina.
Existem lições de marketing a retirar da história desde técnicas de relações públicas, criação de equipas de vendas…mas a que vamos falar hoje é sobre a importância dos focus groups.
Um focus group para os que não sabem é a organização de um pequeno grupo de potenciais consumidores de um produto para que respondam a perguntas sobre determinado produto, as suas características embalagens etc.
Eu confesso que percebo bem este mundo, pois como tenho uma família numerosa era normal em pequeno a minha mãe que participava em muitos focus groups para marcas de bensa limentares trazia para casa produtos para nós testarmos e avaliarmos…e nós adorávamos participar no processo.
Estes focus groups fazem-se não apenas para produtos e serviços mas também em questões políticas…por exemplo diz-se que o NEIL PATEL, o famoso marketeer, orientou um focus group onde surgiu o conceito: “Alterações climáticas”.
Até aí usava-se sempre a expressão “Aquecimento global” e isso não metia medo a ninguém!
Nos focus groups também se descobriu que a imagem de iogurte liquido a caír em cascata com pedaços de fruta no meio nos faz instintivamente salivar.
Descobriu-se que associamos a espuma do champô a limpeza, por isso os champôs fazem espuma…
Bem descubriu-se uma data de coisas interessantes sobre todos nós que até parece que são uma desvantagem desleal que nos fazem comprar.
Mas pronto quanto ao Oxicontin um dos problemas que a marca tinha antes do lançamento era o seu nome.
As pessoas associavam morphina a morte.
No focus group descubriram que utilizando Oxi as pessoas associavam a oxigénio e por sua vez a vida.
A marca lançou o produto como sendo algo que ajuda a recuperar a vida, apesar de ser um produto altamente viciante que destruiu vidas e famílias inteiras…diz-se que uma simples entorse fazia com que o médico receitasse este medicamento literalmente dando heroína a uma pessoa que só precisava de um anti inflamatório.
Mas pronto…adiante.
Perguntei ao chat-gpt algumas estatísticas sobre a utilização de focus groups no mundo inteiro e aqui estão:
- Segundo a GreenBook, 68% das empresas nos EUA utilizam focus groups como uma ferramenta de pesquisa de mercado.
- De acordo com a Quirk’s Media, 76% dos profissionais de marketing consideram os focus groups como uma parte importante do processo de tomada de decisões de marketing.
- Focus groups são usados por 58% das empresas para validar ideias de produtos ou campanhas (GreenBook).
- 51% das empresas utilizam focus groups para entender melhor a concorrência e o posicionamento no mercado (GreenBook).
Aqui nestas estatísticas vi sempre valores acima de 50%, o que confesso que me deixou um pouco apreensivo.
Será que em Portugal é habitual mais de 50% das empresas a fazerem focus groups?
E os ilustres deste painel…já alguma vez organizaram um focus group para um dos vossos clientes?
Acreditam que com tanta tecnologia de videoconferência, etc, devíamos começar a apostar mais nesta forma de percebermos melhor o mercado, os nossos produtos e acima de tudo os nossos clientes?
Diogo
Esta semana vou vos trazer mais uma morte anunciada… Confesso que começo a sentir-me a Morte em pessoa depois de trazer tantas mortes aqui ao podcast. Mas a verdade é que o nome do artigo que vos trago hoje é: AI and the Death of the Hourly Business. ou em belo português: A IA e a morte dos negócios que cobram à hora e não pensem que se aplica só a freelancers, os exemplos que o autor traz são específicos a agências de publicidade. E não se preocupem porque ele sugere uma solução.
Este artigo do Christopher Penn, fala sobre como o modelo de cobrar por hora em agências de publicidade, freelancers, consultores, etc. está a ser altamente ameaçado pela IA. No exemplo que ele dá, e passo a citar:
“A minha empresa precisava ter um acordo legal específico escrito, e fomos cobrados por 10 horas de trabalho pelo nosso escritório de advogados. Isso parecia bom na época, e foi, o advogado fez um bom trabalho. Conseguimos o que precisávamos para cuidar dos negócios. Fatura? 4.500.
Passado um tempo, uma amiga pediu-me ajuda com um acordo jurídico semelhante. Ela não podia pagar um advogado. O que eu fiz? Eu, claro, usei IA generativa para criar o mesmo documento. Foi muito bom. Em seguida, levei-o para um modelo de linguagem grande diferente e pedi a esse modelo que verificasse o trabalho do primeiro modelo, à procura de omissões e desvios das melhores práticas. Então o acordo foi revisto por um amigo advogado humano que lhe deu a bênção sem alterações. (graciosamente, sem custo)”
E ele reforça mesmo… Um advogado humano não alterou nem uma vírgula. Agora imaginem isto na criação de posts, na criação de notas, etc.. Todo esse trabalho será substituído e esse trabalho era feito por humanos.
Neste exemplo dos advogados 10 horas de trabalho passaram a 15 minutos re revizão do documento.
Agora pensem na agência que faz relatórios mensais para o cliente onde temos o custo hora de cada pessoa alocado ao projecto e que de repente temos um script com IA que analisa as campanhas de Google Ads e gera o relatório por nós (sim com comentários). O humano passa apenas a ter de rever o trabalho e se continuarmos apenas a cobrar por hora as horas serão menos a cobrar.
Mas o Christopher Penn sugere uma solução, passarmos a “value based pricing” ou “value-based billing”.
MAs ó Diogo o que é isso?
Value-based billing é uma forma de cobrar os clientes com base no valor do serviço ou produto, em vez do tempo necessário para entregá-lo ou produziu-lo.
O que o Christopher defende é que a cobrança baseada em valor é melhor do que a cobrança por hora, especialmente para empresas que usam IA para automatizar ou otimizar suas tarefas. A cobrança baseada em valor reflete o conhecimento e a habilidade de quem presta o serviço, em vez do esforço ou duração do trabalho.
Ele dá até um exemplo muito giro até de que ninguém pensa sobre o tempo que o Michelangelo demorou para terminar o teto da capela sistina (X anos).
E meus caros a minha questão para vocês é claro se concordam com ele e se devo fazer essa alteração hoje? E se têm outra forma de cobrar?
E digo isto porque eu realmente faço um preço ao minuto trabalhado (porque pensava eu ser essa a forma mais justa de cobrar).
Fred
Hoje vamos aprofundar o tema sobre a atual paisagem salarial em Portugal e as promissoras prospetivas para o futuro, especialmente no sector da comunicação e do marketing.
Vamos começar como uma Radiografia Salarial
Após mergulhar em pesquisas, a navegar entre estatísticas da Michael Page, Talent, da Robert Walters e muitos fóruns do Reddit, trago-vos dados frescos e abrangentes que vão muito além das habituais análises focadas em grandes empresas.
A ideia é desmitificar o cenário salarial em Portugal.
Antes de partilhar os detalhes, hoje de manhã estava a tomar o pequeno almoço e vi uma notícia na RTP que dava destaque ao seguinte:
Atualmente, a diferença de salários entre homens e mulheres em Portugal atinge os 13%, e em cargos de liderança, quadros superiores, alcança 24,5%.
Por isso, a pergunta no ar é a seguinte: como podemos acelerar a jornada para alcançar este ideal fundamental?
A resposta começa com consciência e informação.
Ora bem… alguém que genericamente trabalha com Marketing Digital quanto ganha em Portugal? Baseado num estudo a 473 vencimentos, o salário médio de marketing digital em Portugal é de € 20,475 brutos anuais ou € 10.50 por hora.
As posições remuneradas de nível inicial rondam os € 15,000 brutos anuais, enquanto os trabalhadores mais experientes podem chegar a ganhar € 30,000 brutos anuais
Num outro documento “Ajuste de contas by Quem é Quem:” retirei 3 breves exemplos, através da amostra de 120 respostas das mais de 500 existentes no documento, cujo link deixo na página deste episódio em marketing por idiotas.
- Copywriter Sénior (Lisboa)
Média salarial: ~1.390€/mês
Amplitude salarial: 1.000€ – 2.580€/mês
– Os salários variam consideravelmente, com alguns profissionais a trabalhar como freelancers cobrando por dia.
- Head of Social Media (Lisboa)
Média salarial: ~1.324€/mês
Amplitude salarial: 1.139€ – 1.650€/mês
– Esta categoria mostra uma menor variação nos salários, indicando uma certa estabilidade no mercado para estas posições.
- Director de Marketing (Portugal)
Média salarial: ~2.587€/mês
Amplitude salarial: 1.200€ – 5.000€/mês (considerando diferentes cidades em Portugal)
– Há uma grande variação nos salários dependendo da localização específica em Portugal.
A Disparidade na Prática
Lembram-se que referi que a diferença de salários entre homens e mulheres em Portugal atinge os 13% e em cargos de liderança, quadros superiores, arrebatadores 24,5%.
Se mantivermos o ritmo atual, os estudos indicam que vamos levar cerca de meio século para alcançarmos a desejada paridade.
Meio século!
E o que é mais curioso é que há uma década, a Assembleia da República Portuguesa levantou-se e disse “Basta!” a esta disparidade.
Vamos criar leis que obriguem as empresas a serem transparentes sobre as suas práticas salariais.
Um verdadeiro “puxão de orelhas” às empresas que ainda resistem em igualar a balança salarial.
Mas não. Nada aconteceu, pancadinhas nas costas com advertências.
Alias segundo o INE as mulheres têm vínculos mais precários que os homens e estão cada vez menos protegidas no desemprego e representam mais de metade dos desempregados (53%), tendo o número aumentando, face ao mesmo período do ano anterior.
Caros ouvintes, espectadores, quero acreditar que temos de ser parte activa nesta mudança, desafiando-nos a nós próprios e aos outros a serem melhores, a fazerem melhor.
Não é apenas uma questão de justiça; é uma questão de progresso, de evolução.
Quando todos têm oportunidades equitativas, quando todos são valorizados igualmente, somos uma sociedade mais forte, mais coesa, mais inovadora.
No sector da comunicação e do marketing, temos o poder e a responsabilidade de dar o exemplo, de utilizar a nossa influência para criar mudanças significativas.
Pergunta:
Quais seriam as estratégias específicas e ações proativas que as empresas de comunicação e marketing podem implementar para combater a disparidade salarial?
Primeiro Miguel
Leitura complementar:
- Perceber as disparidades salariais entre homens e mulheres: definição e causas
- Quanto ganha um director de Marketing em Portugal? Estudo revela tendências para 2022
- Os salários e as profissões mais procurados em marketing e comunicação em Portugal
- Ajuste de contas by Quem é Quem:
- Base de dados salarial Teamlyzer
- Salários das mulheres 13% inferiores aos dos homens em média
Sobre o Podcast Marketing por Idiotas
O podcast Marketing por Idiotas é um podcast sobre marketing em Portugal. Neste podcast semanal falamos sobre notícias, irritações e inquietações sobre marketing digital e analógico.
O podcast é apresentado e moderado pelo Diretor de Marketing da Turim Hotéis, Ricardo Vieira e tem como comentadores com lugar cativo o freelancer Diogo Abrantes da Silva, o formador e consultor Frederico Carvalho e o CEO da pkina.com e funis.pt Miguel Vieira.

Os Idiotas

Frederico Carvalho
Formador e consultor de marketing digital

Miguel Rão Vieira
CEO @ pkina.com / funis.pt

Ricardo Vieira
Senior Business Strategy Developer na Turim Hotels Group